O GRITO DOS 300: "PELO SENHOR E POR GIDEÃO" – A HISTÓRIA DE UM CAMPONÊS COVARDE QUE FOI TRANSFORMADO NUM LÍDER VALENTE!


ANÁLISE BÍBLICA: PARTE IX

O GRITO DOS 300: "PELO SENHOR E POR GIDEÃO" – A HISTÓRIA DE UM CAMPONÊS COVARDE QUE FOI TRANSFORMADO NUM LÍDER VALENTE!

Nesta oportunidade vou abordar a história mais fascinante presente no Velho Testamento, não sabendo explicar o porquê não escrevi antes sobre o tema, pois, a temática tanto me motiva e ensina que já fiz inúmeras e incansáveis leituras acerca da mesma passagem bíblica. Abordarei sobre o libertador/juiz chamado GIDEÃO, tal personagem me engrandece demais, e ao mesmo tempo causa tristeza em razão do desfecho final da história. Podendo afirmar que Gideão foi a minha maior decepção no Velho Testamento, ainda assim, depois da história de Jesus Cristo é a história dele que mais me encanta, notemos o quanto retratado nas escrituras:

Conta a Bíblia que após a morte do líder Josué, bem como, dos anciãos responsáveis pelas 12 tribos israelitas, gerações e gerações se passaram, com isso, a nova população já não havia presenciado as maravilhas orquestradas por Deus, muito menos as obras que ele fizera em prol de Israel. Somado a tal fato, quando houve a conquista da terra prometida, em DEUTERONÔMIO 7:1-2 e 20:16-18, foi dada ordem quanto ao extermínio de todos os povos subjugados na guerra, porém, não foi atendido, resultando em miscigenação entre os povos, levando os Israelitas a cometerem a idolatria.

JUÍZES 02: 07-19

7. O POVO SERVIU AO SENHOR TODOS OS DIAS DE JOSUÉ, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que tinham visto toda aquela grande obra do Senhor, a qual ele fizera a favor de Israel.

10. 0 foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e após ela levantou-se outra geração que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel.

11. Então os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, servindo aos baalins;

14. Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou na mão dos espoliadores, que os despojaram; e os vendeu na mão dos seus inimigos ao redor, de modo que não puderam mais resistir diante deles.

16. Mas O SENHOR SUSCITOU JUÍZES, que os livraram da mão dos que os espojavam.

18. Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam.

19. Mas depois da morte do juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas, nem a sua obstinação.

Aduz a Bíblia que Josué não deixou sucessor, logo, o povo israelita ficou sem referência quanto a liderança, assim, nos momentos de instabilidade, o povo murmurava e orava para Deus, quando então era levantado um JUIZ, diga-se, UM LÍDER ESCOLHIDO DENTRE O POVO ISRAELITA, COM O FITO DE SALVAR O POVO DA ANGUSTIA. Nesse passo, depois da morte de Josué, julgaram em Israel: Otniel, Eúde, Sangar, Débora e Baraque, após a morte destes últimos juízes, os israelitas voltaram a idolatria, por tal razão, Deus os entregou nas mãos dos midianitas, vejamos:

JUÍZES 06: 01-07

1. Mas os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, e o Senhor os entregou na mão de Midiã por SETE ANOS.

2. Prevalecia, pois, a mão de Midiã sobre Israel e, por causa de Midiã, fizeram os filhos de Israel para si esconderijos que estão nos montes, as cavernas e as fortalezas.

3. Porque sucedia que, havendo Israel semeado, subiam contra ele os midianitas, os amalequitas e os filhos do oriente;
4. e, acampando-se contra ele, destruíam o produto da terra até chegarem a Gaza, e NÃO DEIXAVAM MANTIMENTO EM ISRAEL, NEM OVELHAS, NEM BOIS, NEM JUMENTOS.

5. Porque subiam com os seus rebanhos e tendas; VINHAM EM MULTIDÃO, COMO GAFANHOTOS; tanto eles como os seus camelos eram inumeráveis; E ENTRAVAM NA TERRA, PARA A DESTRUIR.

6. ASSIM ISRAEL SE ENFRAQUECEU MUITO por causa dos midianitas; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor.

7. E sucedeu que, clamando eles ao Senhor por causa dos midianitas,

É de se ver que os midianitas diferentemente dos 02 últimos reis/povos que massacraram Israel, a saber: Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia, oprimiu Israel por 08 anos, ver JUÍZES 3: 08-09 e Jabim, rei de Canaã, oprimiu por 20 anos, JUÍZES 4: 02, ambos apenas escravizavam o povo israelita, enquanto que os MIDIANITAS QUE PRETENDIAM EXTERMINAR, pois, além de matar o povo, assim que Israel semeava na temporada, os inimigos subiam e destruíam toda plantação, levavam os animais e suprimentos, situação que segundo a Bíblia, enfraqueceu sobremaneira os israelitas, forçando-os a clamar pela intervenção divina.

Conta a Bíblia que os israelitas estavam tão desesperados e enfraquecidos que tinham que fugir para esconderijos feitos em cavernas e montanhas, deixando tudo para traz, casa, animais, plantações, colheitas e etc.

Após este introito, iniciamos a grande história que eu tanto gosto, notemos:

JUÍZES 06: 11-16

11. Então o ANJO DO SENHOR veio, e sentou-se debaixo do carvalho que estava em Ofra e que pertencia a Joás, abiezrita, cujo filho GIDEÃO estava malhando o trigo no lagar para o esconder dos midianitas.

12. Apareceu-lhe então o anjo do Senhor e lhe disse: O SENHOR É CONTIGO, Ó HOMEM VALOROSO.

13. Gideão lhe respondeu: AI, SENHOR MEU, SE O SENHOR É CONOSCO, POR QUE TUDO NOS SOBREVEIO? e onde estão todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? AGORA, PORÉM, O SENHOR NOS DESAMPAROU, E NOS ENTREGOU NA MÃO DE MIDIÃ.

14. Virou-se o Senhor para ele e lhe disse: VAI NESTA TUA FORÇA, E LIVRA A ISRAEL DA MÃO DE MIDIÃ; PORVENTURA NÃO TE ENVIO EU?

15. Replicou-lhe Gideão: AI, SENHOR MEU, COM QUE LIVRAREI A ISRAEL? EIS QUE A MINHA FAMÍLIA É A MAIS POBRE EM MANASSÉS, E EU O MENOR NA CASA DE MEU PAI.

16. Tornou-lhe o Senhor: PORQUANTO EU HEI DE SER CONTIGO, TU FERIRÁS AOS MIDIANITAS COMO A UM SÓ HOMEM.

No verso 11 comprova o estado de desespero do povo, pois na chegada do Anjo, Gideão estava malhando o trigo no lagar, diga-se, local onde se pisa as uvas para fazer vinhos, almejando esconder o que restava dos suprimentos dos inimigos.

Dita a Bíblia que DEUS enviou um ANJO para ter com um pobre camponês, no intuito de incitá-lo a liderar/julgar o povo israelita, bem como, ir à guerra contra o povo opressor, mas, tal homem era muito, mais muito medroso e desacreditado, tanto que passa a replicar o anjo por diversas vezes, questionando se não era um engano a sua escolha, eis que sua condição pessoal impediria ele de liderar uma frente de batalha e livrar toda uma “nação” do extermínio.

O incrível é que o próprio Gideão não reconhecia suas qualidades, mas, DEUS já reconhecia sua tremenda força e valor e tinha um gigantesco propósito para o mesmo.

Gideão logo após ouvir o Anjo, aduz quanto a sua incapacidade de realizar a missão, por ser INTEGRANTE DA FAMÍLIA MAIS POBRE DA TRIBO, ainda, O MENOR E MAIS FRACO DA CASA DE SEU PAI JOÁS, ou seja, ele no seu interior, era detentor de todos os elementos negativos para o sucesso da missão. Mas, o Anjo lhe diz algo maravilhoso, que ele VENCERIA A GUERRA COMO SE FOSSE APENAS UM HOMEM LUTANDO!.

A escolha de Gideão não se deu apenas em razão dele ser: homem pobre, valoroso, humilde, forte, valente, baixa posição social, o menor da família, temente e servo de Deus, tendo sido escolhido por um conjunto de motivos, considerando os atributos: FÍSICO, MENTAL, FAMILIAR E RELIGIOSA, até aqui resta explicado a escolha em razão do atributo físico e mental, no entanto, a Bíblia nos versos posteriores passa a explicar sobre os demais, então, oportunamente, abordarei a respeito.

Gideão tinha um leão dentro de si, mas, não acreditava nele próprio, era muito medroso e desacreditado, si auto menosprezava, tanto que mesmo estando diante do ANJO DE DEUS ele desconfiou quanto a sua escolha como libertador e acerca da identidade divina do anjo, passando insistentemente a exigir sinais divinos para comprovar, AO TOTAL FORAM 04 SINAIS enviados por Deus, quando então o mesmo restou convencido da sua unção, comecemos pelo 1º dos sinais:

JUÍZES 06: 17-24

17. Prosseguiu Gideão: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, DÁ-ME UM SINAL DE QUE ÉS TU QUE FALAS COMIGO.

18. Rogo-te que não te apartes daqui até que eu volte trazendo do meu presente e o ponha diante de ti. Respondeu ele: Esperarei até que voltes.

19. Entrou, pois, Gideão, preparou um cabrito e fez, com uma e efa de farinha, bolos ázimos; pôs a carne num cesto e o caldo numa panela e, trazendo para debaixo do carvalho, lho apresentou.

20. Mas o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os bolos ázimos, e põe-nos sobre esta rocha e derrama-lhes por cima o caldo. E ele assim fez.
21. E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado que tinha na mão, e tocou a carne e os bolos ázimos; ENTÃO SUBIU FOGO DA ROCHA, e consumiu a carne e os bolos ázimos; E O ANJO DO SENHOR DESAPARECEU-LHE DA VISTA.

22. Vendo Gideão que era o anjo do Senhor, disse: AI DE MIM, SENHOR DEUS! POIS EU VI O ANJO DO SENHOR FACE A FACE.

23. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo, NÃO TEMAS; não morrerás.

24. Então Gideão edificou ali um altar ao Senhor, e lhe chamou Jeová-Salom; e ainda até o dia de hoje está o altar em Ofra dos abiezritas.

O primeiro sinal de Deus foi a queima da oferta na rocha e o desaparecimento repentino do Anjo das vistas de GIDEÃO. No verso 22-23, mostra o medo de Gideão, mas, DEUS percebendo o seu acovardamento, falou diretamente com ele, o tranquilizando e desejando paz.

Mesmo Gideão tendo visto um anjo do Senhor, presenciado um sinal divino e tendo falado diretamente com DEUS, ainda assim, permaneceu com o sentimento de medo e insegurança, tanto que a ele foi solicitado que cumprisse a 1ª missão divina, observemos o que aconteceu:

JUÍZES 06: 25-30

25. NAQUELA MESMA NOITE, disse o Senhor a Gidão: Toma um dos bois DE TEU PAI, a saber, o segundo boi de sete anos, e derriba o altar de Baal, QUE É DE TEU PAI, e corta a asera que está ao pé dele.

26. Edifica ao Senhor teu Deus um altar no cume deste lugar forte, na forma devida; toma o segundo boi, e o oferece em holocausto, com a lenha da asera que cortares.

27. Então Gideão tomou dez homens dentre os seus servos, e fez como o Senhor lhe dissera; PORÉM, TEMENDO ELE A CASA DE SEU PAI E OS HOMENS DAQUELA CIDADE, NÃO O FEZ DE DIA, MAS DE NOITE.

28. Levantando-se, pois, os homens daquela cidade, de madrugada, eis que estava o altar de Baal derribado, cortada a asera que estivera ao pé dele, e o segundo boi oferecido no altar que fora edificado.

29. Pelo que disseram uns aos outros: Quem fez isto? E, DEPOIS DE INVESTIGAREM E INQUIRIREM, DISSERAM: GIDEÃO, filho de Joás, é quem fez isto.

30. ENTÃO OS HOMENS DAQUELA CIDADE DISSERAM A JOÁS: TIRA PARA FORA TEU FILHO, PARA QUE MORRA, porque derribou o altar de Baal e cortou a asera que estava ao pé dele.


A primeira missão divina exigida foi que Gideão DERRUBASSE O ALTAR DE BAAL FEITO POR SEU PRÓPRIO PAI, e construísse em cima um altar do Senhor Deus; ele teria que cortar as estatuas de madeira da deusa canaanita “Asera”, também chamada de rainha dos céus, que ficava aos pés do altar, e aproveitando tal madeira, queimasse em holocausto o BOI TAMBÉM DE PROPRIEDADE DO SEU PAI.

Gideão cumpriu com o que o Senhor Deus ordenou, todavia, com MUITO MEDO, posto que não teve coragem de fazer tal trabalho durante o dia, somente na calada da noite, evitando embate com os seus irmãos, pai, familiares e demais membros da tribo israelita chamada de manasses.

Novamente, a Bíblia comprova que a escolha de Gideão não foi apenas por causa dos atributos físicos e mentais, sua escalação tinha o significado de restauração religiosa, porque, sua família, em especial, seu PAI, chamado Joás, era o principal responsável e patrocinador da idolatria do povo israelita, tanto é que o ALTAR DE BAAL ERA DE SUA PROPRIEDADE, ou seja, a família de Gideão era transgressora e pecaminosa, e a sua escolha servia como sinal de purificação. Assim sendo, comprova que a escolha se deu também em razão da questão familiar e religiosa.

A Bíblia deixa claro que apesar do genitor de Gideão, sua família e os demais membros da tribo de Manasses serem idolatras, O ESCOLHIDO NÃO ERA IDOLATRA, tanto é que em JUÍZES 06: 13 Gideão responde ao Anjo: “Ai, senhor meu, se o senhor é conosco, por que tudo nos sobreveio? e onde estão todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? agora, porém, o senhor nos desamparou, e nos entregou na mão de Midiã”. O QUE COMPROVA A SUA FÉ E SEU RESPEITO AO SENHOR JEOVÁ DEUS.

A passagem bíblica também comprova que aqueles que manipulam com magia negra NÃO PROSPERAM, tanto é que a família do nosso herói era a mais pobre da tribo.

Outrossim, quando o povo da tribo de manasses acordaram de madrugada, viram o altar de baal derrubado, e em cima dele construído um altar para DEUS, vendo ainda a oferta ao Senhor e a lenha utilizada para queima do holocausto, ficaram muito indignados, passando a investigar quem havia praticado tal ato, quando descobriram que fora Gideão, foram até Joás, pai de Gideão e proprietário do Altar, e exigiram que ele apresentasse Gideão para que os matassem, no entanto, a resposta de Joás foi surpreendente:

JUÍZES 06: 31-32

31. Joás, porém, disse a todos os que se puseram contra ele: Contendereis vós por Baal? livrá-lo-eis vós? Qualquer que por ele contender, ainda esta manhã será morto; SE ELE É DEUS, POR SI MESMO CONTENDA, POIS FOI DERRIBADO O SEU ALTAR.

32. Pelo que naquele dia chamaram a Gidão Jerubaal, dizendo: Baal contenda contra ele, pois derribou o seu altar.

O pai de Gideão enfrentou de forma magnifica o problema, informando aos homens revoltosos que queriam matar seu filho, que eles não deveriam fazer nada com Gideão e, se algo fosse feito, naquela mesma manhã eles seriam mortos. Afirmou ainda que se baal fosse deus, seu filho Gideão contenderia somente com ele. Diante da resposta, os homens desistiram de matá-lo, mas, como ainda estavam muito indignados, eles amaldiçoaram Gideão a ponto de mudar o seu nome para Jerubaal, que significa “Baal contenda contra ele”, pois ofendeu o deus cananeu quando destruiu seu altar.
Após o episódio da derrubada do altar, os midianitas, amalequitas e demais povos do oriente, todos inimigos do povo de Israel, se juntaram para atacar novamente, porém, o espirito de DEUS se apoderou de Gideão e ele convocou ALGUMAS TRIBOS para o embate:

JUÍZES 06: 33-35

33. Então todos os midianitas, os amalequitas e os filhos do oriente se ajuntaram e, passando o Jordão, acamparam no vale de Jizreel.

34. MAS O ESPÍRITO DO SENHOR APODEROU-SE DE GIDEÃO; e tocando ele a trombeta, os abiezritas se ajuntaram após ele.

35. E enviou mensageiros por toda a tribo de Manassés, que também se ajuntou após ele; e ainda enviou mensageiros a Aser, a Zebulom e a Naftali, que lhe saíram ao encontro.

O texto mostra que depois de Gideão estar tomado pelo espirito do Senhor, quando tocou a trombeta, aqueles mesmos homens que estavam com ódio dele, diante de um extremo perigo vindo da aproximação do exército inimigo, imediatamente se subjugaram a ele e compareceram à reunião, compareceram também homens de 03 outras tribos.

Entretanto, o medo e a insegurança novamente tomou conta de Gideão, e como se não bastasse já ter recebido o primeiro sinal divino, ele exigiu mais um sinal de Deus quanto a sua escolha como líder do povo:

JUÍZES 06: 36-38
                                                 
36. DISSE GIDEÃO A DEUS: SE HÁS DE LIVRAR A ISRAEL POR MINHA MÃO, COMO DISSESTE,

37. eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar enxuta, ENTÃO CONHECEREI QUE HÁS DE LIVRAR A ISRAEL POR MINHA MÃO, COMO DISSESTE.

38. E assim foi; pois, levantando-se de madrugada no dia seguinte, apertou o velo, e espremeu dele o orvalho, que encheu uma taça.

Gideão movido pela sua admirável incredulidade, mesmo com dois sinais divinos, ainda assim não se convenceu da missão dada por Deus, então ele surpreendentemente requereu mais um sinal divino, o pilhérico é que ele sabiamente pediu que Deus não se aborrecesse com ele:

JUÍZES 06: 39-40

39. Disse mais Gideão a Deus: NÃO SE ACENDA CONTRA MIM A TUA IRA SE AINDA FALAR SÓ ESTA VEZ. Permite que só mais esta vez eu faça prova com o velo; rogo-te que só o velo fique enxuto, e em toda a terra haja orvalho.

40. E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo estava enxuto, e sobre toda a terra havia orvalho.

Ou seja, desta vez Gideão pediu a inversão do sinal anterior, em um solicitou que o velo de lã ficasse molhado e a terra ao redor enxuta, no outro que o velo de lã ficasse enxuto e toda a terra molhada, o que foi atendido. OH HOMEM INCRÉDULO! QUANTA DESCRENÇA!

No entanto, como os inimigos já estavam acampados e se preparando para atacar os israelitas, iniciou DEUS os preparativos para o surgimento do grande herói:

JUÍZES 07: 01-03

1. Então Jerubaal, que é Gideão, e todo o povo que estava com ele, levantando-se de madrugada acamparam junto à fonte de Harode; e o arraial de Midiã estava da banda do Norte, perto do outeiro de Moré, no vale.

2. Disse o Senhor a Gideão: O POVO QUE ESTÁ CONTIGO É DEMAIS PARA EU ENTREGAR OS MIDIANITAS EM SUA MÃO; NÃO SEJA CASO QUE ISRAEL SE GLORIE CONTRA MIM, dizendo: Foi a minha própria mão que me livrou.

3. Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: QUEM FOR MEDROSO E TÍMIDO VOLTE, E RETIRE-SE DO MONTE GILEADE. ENTÃO VOLTARAM DO POVO VINTE E DOIS MIL, E DEZ MIL FICARAM.

É de observar, DEUS verificando que Gideão havia reunido número significativo de homens para guerrear, no pese ser bem inferior considerando a multidão do exército inimigo, determinou que Gideão falasse NO OUVIDO do povo, para que não causasse alarde e não constrangesse o desertor, que aquele que se considerasse “medroso” e “tímido” voltasse para sua casa. Causa espanto o fato da bíblia indicar que do chamado de Gideão compareceram 32 mil homens, sendo que 22 mil se consideraram medrosos e tímidos, sobrando apenas 10 mil soldados, número a priori, muito, mais muito insuficiente para combater 120 mil soldados midianitas. Aqui realmente qualquer valente iria temer!

Vislumbro, por ser Gideão uma pessoa MEDROSA e TIMIDA, a maior vontade dele naquele momento era abandonar tudo e voltar para sua tenda juntamente com os 22 mil soldados. Em resumo, o emissor da mensagem era tão ou mais medroso que aqueles que se identificaram com seu estado e deixaram a concentração para a batalha.

Sucede que, a redução do contingente do exército tinha por finalidade a não ocorrência de vanglorio por parte dos israelitas, quando a guerra fosse vencida, alegando que tinha homens suficientes e que haviam ganhado na força e raça, ou seja, sem a intercedência de DEUS.

Surpreendentemente, para DEUS o contingente de 10 mil soldados ainda estava elevado, então determinou:

JUÍZES 07: 04-08

4. Disse mais o Senhor a Gideão: Ainda são muitos. FAZE-OS DESCER ÀS ÁGUAS, E ALI OS PROVAREI; e será que, aquele de que eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém todo aquele de que eu te disser: Este não irá contigo, esse não irá.

5. E Gideão fez descer o povo às águas. Então o Senhor lhe disse: QUALQUER QUE LAMBER AS ÁGUAS COM A LÍNGUA, COMO FAZ O CÃO, A ESSE PORÁS DE UM LADO; E A TODO AQUELE QUE SE AJOELHAR PARA BEBER, PORÁS DO OUTRO.

6. E foi o número dos que lamberam a água, LEVANDO A MÃO À BOCA, TREZENTOS HOMENS; mas todo o resto do povo se ajoelhou para beber.

7. Disse ainda o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam a água vos livrarei, e entregarei os midianitas NA TUA MÃO; mas, quanto ao resto do povo, volte cada um ao seu lugar.

8. E o povo tomou na sua mão as provisões e as suas trombetas, e Gideão enviou todos os outros homens de Israel cada um à sua tenda, porém reteve os trezentos. O ARRAIAL DE MIDIÃ ESTAVA EMBAIXO NO VALE.

A segunda triagem não levou em consideração somente a coragem e a predisposição dos guerreiros, mas, sim, o seu preparo e atenção para a guerra, pois, aquele que se ajoelhasse para beber água, mostrava total descuido para o combate, podendo ser facilmente surpreendido pelo inimigo, posto que o seu campo de visão e mobilidade ficavam reduzidos. AO CONTRÁRIO DAQUELES QUE NÃO SE AJOELHAVAM E TRAZIAM ÁGUA NAS MÃO ATÉ A BOCA, atestando seu estado de cuidado e vigilância, o que era muito relevante numa situação beligerante, mostrando total preparo para a guerra.

Contudo, somente 300 homens foram naturalmente selecionados, O QUE DEVE TER CAUSADO EXTREMO PÂNICO EM GIDEÃO, o engraçado que ele sequer quis pedir novo sinal divino, acredito que ele desejou desistir da missão. Mas, o próprio DEUS percebendo a sua fragilidade motivacional e de espírito, por si só, enviou mais um sinal divino, o quarto e último, para que Gideão restasse convicto da sua força, valentia, competência e unção. Determinou que Gideão durante a noite fosse de forma sorrateira até o posto avançado das sentinelas do arraial onde estavam os inimigos, para que ouvisse algo que fortaleceria suas mãos:

JUÍZES 07: 09-15

9. NAQUELA MESMA NOITE DISSE O SENHOR A GIDEÃO: LEVANTA-TE, E DESCE CONTRA O ARRAIAL, PORQUE EU O ENTREGUEI NA TUA MÃO.

10. MAS SE TENS MEDO DE DESCER, VAI COM O TEU SERVO, Purá, ao arraial;

11. OUVIRÁS O QUE DIZEM, E SERÃO FORTALECIDAS AS TUAS MÃOS PARA DESCERES CONTRA O ARRAIAL. Então desceu ele com e seu moço, Purá, até o posto avançado das sentinelas do arraial.

12. Os midianitas, os amalequitas, e todos os filhos do oriente jaziam no vale, COMO GAFANHOTOS EM MULTIDÃO; E OS SEUS CAMELOS ERAM INUMERÁVEIS, COMO A AREIA NA PRAIA DO MAR.

13. No momento em que Gideão chegou, um homem estava contando ao seu companheiro um sonho, e dizia: EU TIVE UM SONHO; EIS QUE UM PÃO DE CEVADA VINHA ROLANDO SOBRE O ARRAIAL DOS MIDIANITAS E, CHEGANDO A UMA TENDA, BATEU NELA DE SORTE A FAZÊ-LA CAIR, E A VIROU DE CIMA PARA BAIXO, E ELA FICOU ESTENDIDA POR TERRA.

14. Ao que respondeu o seu companheiro, dizendo: ISSO NÃO É OUTRA COISA SENÃO A ESPADA DE GIDEÃO, FILHO DE JOÁS, VARÃO ISRAELITA. NA SUA MÃO DEUS ENTREGOU MIDIÃ E TODO ESTE ARRAIAL.

15. Quando Gideão ouviu a narração do sonho e a sua interpretação, ADOROU A DEUS; e voltando ao arraial de Israel, disse: LEVANTAI-VOS, PORQUE O SENHOR ENTREGOU NAS VOSSAS MÃOS O ARRAIAL DE MIDIÃ.

Deus majestosamente deu o último sinal ao desacreditado, momento em que a valentia daquele homem prefulgurou, porquanto, chegando ele ao arraial do inimigo e ouvindo um soldado midianita dizendo a respeito de UM SONHO, explicando que um pão de cevada rolava sobre o acampamento midianita e derrubava uma tenda e que esta caía e ficava virada para baixo, em continuidade, fora surpreendido Gideão com o relato do outro soldado dizendo que aquele sonho referia-se a Gideão, filho de Joás que iria ganhar a guerra e destruir o exército.

Flávio Josefo, um escritor e historiador judeu que viveu entre 37 e 103 d.C, um hebreu de nascimento, sacerdote em Jerusalém, aduz em seu livro “História dos hebreus: de Abraão a queda de Jerusalém, fl. 118-119”:
Ele executou a ordem e quando estava próximo das tendas ouviu um soldado narrar ao companheiro um sonho que tivera. Dizia ele: "Vi um pedaço de massa de farinha de cevada que não merecia ser recolhida, e a pasta, rolando por todo o acampamento, derrubou a tenda do rei e depois todas as outras". "Esse sonho", respondeu-lhe o companheiro, "pressagia a ruína completa do nosso exército, por esta razão: a cevada é o menor de todos os grãos, e, como não há agora em toda a Ásia nação mais desprezível que a dos israelitas, ela pode ser comparada à cevada. Vós sabeis que eles reuniram as suas tropas e têm algum empreendimento em vista, comandados por Gideão. Por isso temo muito que esse pedaço de massa que vistes derrubar todas as tendas seja um sinal de que Deus quer que Gideão triunfe sobre nós".


Chamou atenção Flávio Josefo quanto a característica do pão relatado no sonho do soldado midianita, aludindo quanto a um PÃO FEITO DE CEVADA e não de trigo, ora utilizado na época. O escritor aponta que na época a cevada era totalmente desprezível, igual sentimento que os inimigos opressores tinham pelos israelitas.

O engraçado é que em I REIS 4: 28, dita “Também traziam, cada um segundo seu cargo, a cevada e a palha para os cavalos e os ginetes, para o lugar em que estivessem.”, ou seja, faz referência a cevada como comida para cavalos, comprovando que o pão retratado no sonho que o soldado teve era de péssima qualidade, impróprio para o consumo humano, fazendo referência justamente ao lastimável estado de miséria que atravessava Israel, pois os israelitas não tinham outra saída senão fazer tal pão para sobreviver. Por tal motivo, o segundo soldado associou o pão de cevada aos israelitas, estes representados por Gideão.

Outrossim, ouvindo Gideão a mensagem profética contada por seus inimigos, ACREDITOU DE VEZ NA SUA MISSÃO E NO SEU PAPEL FUNDAMENTAL PARA LIVRAR ISRAEL, daí nasceu o guerreiro:

JUÍZES 07: 16-18

16. Então dividiu os trezentos homens em três companhias, pôs nas mãos de cada um deles TROMBETAS, E CÂNTAROS VAZIOS CONTENDO TOCHAS ACESAS,

17. e disse-lhes: OLHAI PARA MIM, E FAZEI COMO EU FIZER; e eis que chegando eu à extremidade do arraial, como eu fizer, assim fareis vós.

18. Quando eu tocar a trombeta, eu e todos os que comigo estiverem, tocai também vós as trombetas ao redor de todo o arraial, e dizei: Pelo Senhor e por Gideão!

Vê-se que Gideão fora investido de toda autoridade, Deus lhe abriu os olhos, retirou o sentimento de covardia que o bloqueava e, por fim, fez um líder valente, um comandante, um general, ordenando estratégia de guerra de alto nível e conduzindo a libertação de um povo oprimido, e todo o povo seguia suas ordens:

JUÍZES 07: 19-25

19. Gideão, pois, e os cem homens que estavam com ele chegaram à extremidade do arraial, AO PRINCÍPIO DA VIGÍLIA DO MEIO, HAVENDO SIDO DE POUCO COLOCADAS AS GUARDAS; então tocaram as trombetas e despedaçaram os cântaros que tinham nas mãos.

20. Assim tocaram as três companhias as trombetas, despedaçaram os cântaros, segurando com as mãos esquerdas as tochas e com as direitas as trombetas para as tocarem, e clamaram: A espada do Senhor e de Gideão!

21. E CONSERVOU-SE CADA UM NO SEU LUGAR AO REDOR DO ARRAIAL; ENTÃO TODO O EXÉRCITO DEITOU A CORRER E, GRITANDO, FUGIU.

22. Pois, ao tocarem os trezentos as trombetas, O SENHOR TORNOU A ESPADA DE UM CONTRA O OUTRO, E ISTO EM TODO O ARRAIAL, e fugiram até Bete-Sita, em direção de Zererá, até os limites de Abel-Meolá, junto a Tabate.

23. Então os homens de Israel, das tribos de Naftali, de Aser e de todo o Manassés, foram convocados e perseguiram a Midiã.

24. Também Gideão enviou mensageiros por toda a região montanhosa de Efraim, dizendo: Descei ao encontro de Midiã, e ocupai-lhe as águas até Bete-Bara, e também o Jordão. Convocados, pois todos os homens de Efraim, tomaram-lhe as águas até Bete-Bara, e também o Jordão;

25. e prenderam dois príncipes de Midiã, Orebe e Zeebe; e mataram Orebe na penha de Orebe, e Zeebe mataram no lagar de Zeebe, e perseguiram a Midiã; e trouxeram as cabeças de Orebe e de Zeebe a Gideão, além do Jordão.

A estratégia militar adotada foi magnífica, Gideão não perdeu sequer um soldado, não moveu um único homem do lugar, tais sequer possuíam espadas, cada homem portava com si apenas:

Ø  Uma trombeta;
Ø  Um cântaro – vaso feito de barro;
Ø  E uma tocha acesa.

Como o exército inimigo estava na parte de baixo do arraial, enquanto que Gideão e os seus 300 estavam na parte superior, NO ALTO DA MONTANHA, então Gideão dividiu os 300 homens em 3 pelotões de 100 cada, e ordenou que todos fizessem simultaneamente a mesma coisa que ele, a estratégia foi perfeita, utilizou o ambiente a seu favor, como sabemos, em qualquer montanha qualquer ruído faz um eco tremendo, e ele soube usar com excelência deste artifício, tanto que determinou que todos os 300 homens se posicionassem ao redor do arraial, obviamente na parte superior, e que ao mesmo tempo:

1º - tocassem as trombetas;
2º - jogassem os vasos de barro no chão para quebrá-lo;
3º - segurassem as tochas acesas com a mão esquerda;  e
4º - gritassem no mais alto tom “A espada do Senhor e de Gideão!.

É de imaginar o som ensurdecedor produzido, primeiro, pelo som provocado pelas 300 trombetas, sendo ecoado para os quatro cantos do arraial; segundo, com o som dos 300 cântaros sendo quebrados todos ao mesmo tempo, o que dava a entender quanto a chegada de um exército inumerável, munido de carruagens, cavalaria e infantaria e etc; terceiro, com o grito de guerra, dava a entender que o exército israelita já estava em plena batalha, demonstrando a motivação dos combatentes. Lembremos ainda que tudo aconteceu à noite, quando o inimigo estava com pouquíssima visibilidade, acabando de acordar. Tal cenário realmente causaria pânico em qualquer exército valente.

De mais a mais, não se pode olvidar quanto ao grande alvoroço provocado pelos camelos midianitas que já estavam no arraial, segundo a bíblia, JUIZES 7: 12, eram inumeráveis como a areia da praia; os animais provavelmente devem ter ficado extremamente estressados e muito agitados, aumentando ainda mais o pânico.

Para agravar, quando o exército inimigo olhava para o alto da montanha, viam inúmeras tochas acessas, dando a entender que vinham marchando contra eles milhares e milhares de soldados israelitas.

Conta a Bíblia que o SENHOR DEUS tornou a espada dos inimigos um contra o outro, e isto em todo o arraial, porque o ECOAR DOS SONS das trombetas, dos vasos e dos gritos, dava a entender que o exército israelita já estava no meio deles e vinham vindo inúmeros guerreiros, como já dito, somado com o alvoroço dos animais, provavelmente não reconheciam nada e nem ninguém, péssima visibilidade, sem falar que eram mais de 03 exércitos inimigos diferentes, com armas, vestimentas, idiomas, tudo desigual, logo, num alvoroço insano, onde ninguém reconhecia ninguém, todo o exército passou a correr e seguir o velho ditado “salve-se quem puder”, não restando outra saída senão cada qual puxar sua espada para salvar-se, ferindo um ao outro.

Outro ponto interessante, a Bíblia conta que os soldados que estavam no posto avançado das sentinelas do arraial haviam sido trocados, portanto, aqueles soldados que Gideão havia flagrado conversando sobre o sonho, provavelmente foram ao arraial contar a respeito aos demais midianitas, o que deve ter causado um temor em parte do exército.

Em resumo, a estratégia de guerra em comento faz inveja até mesmo aos celebres ensinamentos bélicos presente no livro de Sun Tzu “A ARTE DA GUERRA”, quando li fiquei bestificado com tamanha inteligência daquele simples camponês, sendo óbvio que sua conduta foi por intermédio do espirito santo e guiado por Deus, ver JUIZES 06: 34.

Gideão foi transformado, pela honra e graça do Senhor Deus, de um homem relutante, desconfiado, medroso, tímido, para um líder extremamente sábio e astuto, tanto é que a Bíblia conta que após o episódio do arraial, o mesmo necessitou solicitar ajuda das demais tribos israelita, sendo uma delas chamada Efraim, ver o constante nos versos 24 e 25, tais tiveram a simplória missão de ocupar os rios locais com o fito de cercar e terminar de massacrar o resto do exército inimigo. Desta ofensiva os efrateus prenderam e mataram dois príncipes midianitas, chamados: Orebe e Zeebe, depois levaram as cabeças para Gideão, ao novo Juiz de Israel.

Como Gideão não chamou a tribo de Efraim para participar da batalha do arraial, tal imprevisto quase causava um grande conflito interno, mas, o agora GRANDE LÍDER VALOROSO, mostrou muita inteligência e sagacidade, e se humilhando, acabou sendo glorificado:

JUÍZES 08: 01-03

1. Então os homens de Efraim lhe disseram: QUE É ISTO QUE NOS FIZESTE, NÃO NOS CHAMANDO QUANDO FOSTE PELEJAR CONTRA MIDIÃ? E REPREENDERAM-NO ASPERAMENTE.

2. Então ele lhes respondeu: “QUE MAIS FIZ EU EM COMPARAÇÃO COM O QUE FIZESTE VÓS? O RESTOLHO DAS UVAS DE EFRAIM NÃO É MELHOR DO QUE TODA A VINDIMA DE ABIEZER?

3. DEUS ENTREGOU NA VOSSA MÃO OS PRÍNCIPES DE MIDIÃ, OREBE E ZEEBE; que, pois, pude eu fazer em comparação ao que vós fizestes? Então a sua ira se abrandou para com ele, quando falou esta palavra.

Tive grande admiração quando li esta passagem, pois, aquele líder com apenas 300 homens totalmente desarmados, haviam destruído um exército de 120 mil homens bem armados e preparados, e mesmo com tal feito, acabou sendo asperamente repreendido por uma tribo envaidecida que pouquíssimo fez, somente mataram dois príncipes e o resto do exército inimigo. Todavia, a conduta de Gideão foi perfeita, pois, humilhou a si próprio e toda a sua casa e, simplesmente exaltou o trabalho feito pelos homens da tribo de Efraim.

Em grande sabedoria, Gideão se humilhou e engrandeceu os efrateus, dizendo que quem seria ele e sua casa, os Abiezritas, a serem comparados com os homens de Efraim, tanto era, que as FOLHAS das uvas dos efrateus eram melhores que toda a COLHEITA de uva de Abiezer.

Gideão teve a modéstia de chegar a afirmar que o que ele os 300 guerreiros fizeram foi muito pequeno comparado ao “grande” trabalho realizado pelos efrateus, eis que DEUS havia entregado a tais nada menos que os príncipes dos povos inimigos, ficando ele apenas com a vitória sobre simples soldados. Diz a Bíblia que depois destas sábias palavras os efrateus ficaram calmos e não houve uma guerra entre os próprios de Israel. Esta passagem comprova que a sabedoria vence a tolice e que devemos ter autocontrole para resolvermos qualquer situação posta.

Passados tais episódios, Gideão bravamente queria acabar com guerra e trazer paz a Israel, decidiu então ir atrás dos 02 reis de Midiã, chamado Zeba e Zalmuna, então passou a perseguir o resto do seu exército, no entanto, SURPREENDENTEMENTE manteve consigo apenas os 300 homens escolhidos por ordenança do Senhor Deus, atravessou o Rio Jordão e se deparou com 02 cidades israelitas, vejamos o que aconteceu:



4. E Gideão veio ao Jordão e o atravessou, ele e os trezentos homens que estavam com ele, FATIGADOS, mas ainda perseguindo.

5. Disse, pois, aos homens de SUCOTE: DAI, PEÇO-VOS, UNS PÃES AO POVO QUE ME SEGUE, PORQUANTO ESTÁ FATIGADO, e eu vou perseguindo a Zeba e Zalmuna, reis os midianitas.

6. Mas os príncipes de Sucote responderam: JÁ ESTÃO EM TEU PODER AS MÃOS DE ZEBÁ E ZALMUNA, PARA QUE DEMOS PÃO AO TEU EXÉRCITO?

7. Replicou-lhes Gideão: Pois quando o Senhor entregar na minha mão a Zebá e a Zalmuna, trilharei a vossa carne com os espinhos do deserto e com os abrolhos.

8. Dali subiu a PENUEL, e falou da mesma maneira aos homens desse lugar, que lhe responderam como os homens de Sucote lhe haviam respondido.

9. Por isso falou também aos homens de Penuel, dizendo: Quando eu voltar em paz, derribarei esta torre.

É de tirar o folego, imaginar o agora grande líder Gideão e seus 300 guerreiros totalmente famintos e cansados da batalha e da perseguição, encontrar pela frente duas cidades israelitas chamadas Sucote e Penuel, e quando solicitado apoio, no presente caso, foi solicitado pães para matar a fome e restabelecer as forças dos guerreiros, restando óbvio que tais cidades seriam beneficiadas com a campanha vitoriosa, contudo, admiravelmente, os líderes de tais cidades negaram o auxílio, e pior, CAÇOARAM de Gideão, indicando que ele não seria digno de qualquer auxílio, haja vista que não tinha vencido a guerra e nem estava com os reis presos. Resta notório que naquela época tinha uma escassez ferrenha de suprimentos, mas, houve uma incredulidade “a nível Gideão” quanto ao sucesso da missão, em resumo, NÃO HOUVE FÉ, MUITO MENOS HOUVE RESPEITO COM OS SEUS IRMÃO E ALIADOS DE GUERRA, IGUALMENTE VITIMIZADOS PELO EXERCITO INIMIGO!

O povo das cidades de Sucote e Penuel chegaram ao ponto de perguntar a Gideão se por acaso ele já tinha em mãos os reis midianitas, para que pudesse ser servido pães a eles, tal episódio causou grande indignação no mais novo homem valente, ao passo que ele disse para o povo de Sucote que assim que ele voltasse vitorioso da campanha bélica, daria uma surra nos líderes e que derrubaria a torre da cidade Penuel. QUÃO GRANDE VALENTIA DESTE HOMEM, ENFRENTOU DE FORMA INCISIVA DUAS CIDADES! mostrou que virou um homem de respeito e poder.

Sucede que, tais cidades jamais poderiam virar as costas para Gideão, pois, a cidade de Sucote foi onde Jacó formou acampamento quando deixou a casa de Labão, seu sogro, logo após se encontrar com seu irmão Esaú, ver GENESIS 33: 17, que vinha na intenção de conflitar, contudo, quando viu seu irmão, reconciliou-se e PRESTOU TODO AUXÍLIO PARA O IRMÃO ISRAELITA.

Já a cidade de Penuel ou Peniel foi o nome que Jacó deu ao lugar onde teve uma batalha com Deus e teve seu nome trocado para Israel, consta em GENESIS 32:30E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha vida foi preservada”, logo, tais cidades deveriam respeitar a história e o respeito que carregava e ter auxiliado seus irmãos israelitas e ajudar na batalha ordenada por DEUS, ajudando a preservar a vida daqueles.

Esta passagem bíblica nos mostra que muitas vezes encontraremos obstáculos impostos por pessoas do nosso cotidiano, por familiares, amigos, por pessoas que gozam de nossa confiança, em resumo, nem sempre o problema é imposto por pessoas desconhecidas.

A negativa de ajuda das duas cidades israelitas NÃO abalou Gideão e seus 300, mesmos famintos e cansados, perseveraram na missão e continuaram a campanha persecutória contra os reis midianitas, pois, sabiam eles, que se parassem naquele momento, os inimigos iriam se fortalecer e voltar a perturbar Israel, logo, eles pretendiam terminar a missão divina.

JUÍZES 08: 10-13                               

10. Zebá e Zalmuna estavam em Carcor com o seu exército, CERCA DE QUINZE MIL HOMENS, os restantes de todo o exército dos filhos do oriente; POIS HAVIAM CAÍDO CENTO E VINTE MIL HOMENS QUE PUXAVAM DA ESPADA.

11. subiu Gideão pelo caminho dos que habitavam em tendas, ao oriente de Nobá e Jogbeá, e feriu aquele exército, porquanto SE DAVA POR SEGURO.

12. E, fugindo Zebá e Zalmuna, Gideão os perseguiu, TOMOU PRESOS ESSES DOIS REIS DOS MIDIANITAS e desbaratou todo o exército.

13. Voltando, pois, Gideão, filho de Joás, da peleja pela subida de Heres,

É de se ver que a missão ainda não era nada fácil, posto que era somente 300 homens contra um exército de cerca de 15 mil homens. A bíblia conta que Gideão mais uma vez abusou da estratégia militar, não atacando em campo aberto, desta vez indo pelas extremidades, utilizando das tendas no caminho para se camuflar e surpreender os inimigos que equivocamente se davam por seguros, então sobrepujou o exército do inimigo, venceu a guerra e prendeu Zeba e Zalmuna, reis midianitas.

Voltando nosso herói da campanha vitoriosa tratou logo de cumprir a promessa feita as duas cidade israelitas: Sucote e Penuel, no caminho prendeu um homem de Sucote e exigiu que ele desse por escrito o nome de todos os líderes da cidade, ao total 77 homens:

JUÍZES 08: 14-17

14. TOMOU PRESO A UM MOÇO DOS HOMENS DE SUCOTE, E O INQUIRIU; este lhe deu por escrito os nomes dos príncipes de Sucote, e dos seus anciãos, setenta e sete homens.

15. Então veio aos homens de Sucote, e disse: Eis aqui Zebá e Zalmuna, A RESPEITO DOS QUAIS ME ESCARNECESTES, dizendo: Porventura já estão em teu poder as mãos de Zebá e Zalmuna, para que demos pão aos teus homens fatigados?

16. NISSO TOMOU OS ANCIÃOS DA CIDADE, E ESPINHOS E ABROLHOS DO DESERTO, E COM ELES ENSINOU AOS HOMENS DE SUCOTE.

17. Também derrubou a torre de Penuel, e matou os homens da cidade.

Pela omissão e gozação que os lideres das cidades de Sucote e Penuel fizeram, Gideão foi até Sucote e deu uma surra de espinhos em todos os anciãos da cidade.

O interessante é que em JUÍZES 08: 06, a bíblia aponta que quem se negou a prestar auxílio aos guerreiros foram os PRINCÍPES de tal cidade, já em JUÍZES 08: 14, Gideão buscou não apenas os nomes dos príncipes, também, dos anciãos, e no final de tudo deu a surra somente nos anciãos.

Naquela época era muito comum a realeza ter um grupo/conselho opinativo/deliberativo formado por anciães, pessoas maduras, cheias do saber e da experiência. Temos um caso emblemático na bíblia quanto a tal costume, o Rei Roboão, 1º sucessor do trono do Rei Salomão, quando diante da proposta de Jeroboão para que fosse aliviado o fardo e o imposto que recaiam sobre o povo israelita, ele de logo submeteu o assunto ao conselho real formado por anciãos, inclusive tais serviram também ao mais inteligente e sábio Rei, Salomão, atestando a importância de tais homens. Sucede que, infelizmente, o Rei Roboão não seguiu o conselho da experiência, e com isso sobreveio todo um conflito entre o Reino de Judá e o Reino de Israel, vejamos:

I REIS 12: 04-07

4. Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia a dura servidão e o pesado juro que teu pai nos impôs, e nós te serviremos.

6. Teve o rei Roboão CONSELHO COM OS ANCIÃOS que tinham assistido diante de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, e perguntou-lhes: COMO ACONSELHAIS VÓS QUE EU RESPONDA A ESTE POVO?
7. Eles lhe disseram: Se hoje te tornares servo deste povo, e o servires, e, respondendo-lhe, lhe falares boas palavras, eles serão para sempre teus servos.

O conselho dos anciãos tinha o objetivo de dar direcionamento a realeza, auxiliando na tomada de decisões, entretanto, no caso de Gideão e os 300, acredito que o grupo de mais de setenta homens idosos devem ter induzidos os príncipes de Sucote a falhar, negando suprimentos, e ainda, fazendo gozação com a situação, motivo pelo qual a surra imposta por Gideão somente foi direcionada aos idosos. Imaginemos a humilhação pública, bem como, a dor suportada, pois, foram utilizados espinhos.

Após a empreitada em Sucote, nosso herói foi a cidade de Penuel, visando derrubar a torre da cidade, todavia, provavelmente houve resistência dos homens da cidade, o que lamentavelmente forçou Gideão matar todos eles, ver o verso presente em JUÍZES 08: 17. No mais continuemos a história bíblica:

JUÍZES 08: 18-21

18. Depois perguntou a Zebá e a Zalmuna: COMO ERAM OS HOMENS QUE MATASTES EM TABOR? E responderam eles: QUAL ÉS TU, TAIS ERAM ELES; CADA UM PARECIA FILHO DE REI.

19. Então disse ele: ERAM MEUS IRMÃOS, FILHOS DE MINHA MÃE; VIVE O SENHOR, QUE SE LHES TIVÉSSEIS POUPADO A VIDA, EU NÃO VOS MATARIA.

20. E DISSE A JETER, SEU PRIMOGÊNITO: LEVANTA-TE, MATA-OS. O MANCEBO, PORÉM, NÃO PUXOU DA ESPADA, porque temia, porquanto ainda era muito moço.

21. Então disseram Zebá e Zalmuna: LEVANTA-TE TU MESMO, E ACOMETE-NOS; PORQUE, QUAL O HOMEM, TAL A SUA FORÇA. Levantando-se, pois, Gideão, matou Zebá e Zalmuna, e tomou os crescentes que estavam aos pescoços dos seus camelos.

Mais uma passagem interessantíssima, MARCA A INFELIZ DECADÊNCIA DO MEDROSO QUE SE TORNOU VALENTE; primeiro porque, Gideão somente matou os 02 reis midianitas em retribuição aos assassinatos de seus irmãos que residiam na cidade de Tabor, ou seja, teve um juízo totalmente equivocado e o espírito acovardado, pois, diante tamanha opressão sofrida pelo povo israelita, considerando a importante e simbólica morte de um monarca, quando em estado de guerra e, por serem eles os líderes do povo inimigo, a guerra acabaria ali mesmo, porém, Gideão olhou para o seu próprio umbigo, BUSCOU APENAS UMA VINGANÇA PESSOAL. Explicou ele que se os reis não tivessem matado seus irmãos, teriam suas vidas poupadas, Gideão cometeu o grande equívoco de afastar os interesses da nação, da coletividade, em favor das questões pessoais, esqueceu que eram massacrados, assassinados, saqueados, famigerados, vivendo em cavernas, que inúmeras famílias haviam sido mortas e etc.

Depois, a passagem bíblica acima, em especial o verso 20, dita que o filho de Gideão, o primogênito, chamado JETER, que significa “mais que suficiente; excedente”, lamentavelmente, somente tinha de excedente seu acovardamento e medo, comprovou que o ranço da ausência de valentia era de sangue, uma tradição de família, eis que o medo, a desconfiança e a insegurança já tinha passado de pai para filho. E mesmo tendo o primogênito vivenciando toda obra de Deus operada na vida do seu pai, ainda assim, não foi capaz de cumprir com o seu papel de futuro líder do povo de Israel, só faltou JETER pedir sinais divinos também. A omissão de JETER lhe custará a vida, pois ele será brutalmente assassinado por seu meio irmão, chamado Abimeleque, ver JUÍZES 09: 05.

No verso 21, mostra que os Reis Midianitas reconheceram a FORÇA de Gideão já descrita pelo anjo do Senhor quando apareceu pela primeira, ver JUÍZES 06: 14.

No mesmo verso 21, mostra o primeiro ato pecaminoso do nosso valoroso Juiz, haja vista que ele assim que matou os reis, permitiu ser influenciado pela ganância, tanto que de logo se preocupou com o ouro, a riqueza, pegando para si os adereços preciosos que estavam nos pescoços dos camelos reais, A PARTIR DAÍ, INFELIZMENTE, O PROCESSO DE CORRUPÇÃO JÁ ESTAVA LATENTE, situação que me decepcionou muito:


JUÍZES 08: 22-25

22. Então os homens de Israel disseram a Gideão: DOMINA SOBRE NÓS, ASSIM TU, COMO TEU FILHO, E O FILHO DE TEU FILHO; PORQUANTO NOS LIVRASTE DA MÃO DE MIDIÃ.

23. Gideão, porém, lhes respondeu: NEM EU DOMINAREI SOBRE VÓS, NEM MEU FILHO, MAS O SENHOR SOBRE VÓS DOMINARÁ.

24. Disse-lhes mais Gideão: uma petição vos farei: dá-me, cada um de vós, AS ARRECADAS DO DESPOJO. (Porque os inimigos tinham arrecadas de ouro, porquanto eram ismaelitas).

25. Ao que disseram eles: DE BOA VONTADE AS DAREMOS. E estenderam uma capa, na qual cada um deles deitou as arrecadas do seu despojo.

O nobre herói, voltou a ter o espírito medroso, inseguro, fraco, tanto que todo o povo de Israel lhe requereu que ele e seus descendentes liderassem sobre o povo, mas, Gideão, covardemente, informou que nem ele nem seu filho dominariam, todavia, apenas DEUS, só que naquele momento era Gideão a personificação dos desígnios de DEUS, o enviado, o escolhido, tinha ele consigo o espirito santo do Senhor, era ele o JUIZ DE ISRAEL o libertador do povo israelita, portanto, como ele fora imbuído de tal missão pelo próprio Altíssimo, NÃO PODERIA DE FORMA ALGUMA TER NEGADO TAL PEDIDO, pois era uma consequência natural do legado divino.

No mínimo, cabia a Gideão ter feito um sucessor, todavia, cometeu o mesmo erro que Josué e os 04 juízes antecessores.

Em razão da omissão de Gideão quanto a governança de Israel, após sua morte, o seu filho bastardo, fruto de um enlace amoroso com uma concubina, chamado Abimeleque, visando liderar o povo israelita, matou de uma só vez numa pedra, todos os demais filhos de Gideão, ao total de 70, incluindo Jeter, salvando-se apenas o filho caçula, de nome Jotão, porque conseguiu se esconder, ver história presente em JUÍZES 09: 05. Abimeleque reinou somente por 03 anos, foi o único juiz iníquo e opressor do próprio povo de Israel.

Voltando para Gideão, consta no verso 24 que a preocupação dele foi apenas em se apropriar dos despojos de guerra, ou seja, a AMBIÇÃO POR RIQUEZA BRILHOU EM SEUS OLHOS, e não mais para proteger e libertar seu povo da escravidão, muito menos, resguardar os estatutos, mandamentos divinos ou impedir a prática da idolatria aos deuses cananeus.

Dispõe a Bíblia que Gideão arrecadou muito ouro e materiais preciosos, talvez esta atitude dele tenha sido impulsionado em razão do estado de miséria que atravessava, também por ter sido ele membro da família mais pobre da tribo de Manasses, conforme relatado em JUÍZES 6: 15, ainda assim, como ele foi testemunha e ora instrumentalizador dos maiores prodígios daquela época, recebeu 04 sinais divinos quanto a sua graça e unção, mesmo com tudo isso, no final, após toda glória e respeito, se vendeu por riqueza e deixou se corromper pela ganância.

De mais a mais, dita a Bíblia que o ouro e demais despojos simbólicos do inimigo derrotado é do Senhor Deus, e deve ser entregue ao tesouro do Senhor, até porque quem vence a guerra não é o escolhido/enviado, mas sim, o Senhor dos Exércitos, que intercede com milagres, sinais e maravilhas para a concretização da vitória:

JOSUÉ 06: 19

19. Porém toda a prata, e O OURO, e os vasos de metal, e de ferro SÃO CONSAGRADOS AO SENHOR; IRÃO AO TESOURO DO SENHOR.

Como se não bastasse, Gideão além de apropriar-se dos tesouros do Senhor, cometeu um ato totalmente equivocado:
JUÍZES 08: 26-27

26. E FOI O PESO DAS ARRECADAS DE OURO QUE ELE PEDIU, mil e setecentos siclos de ouro, afora os crescentes, as cadeias e as vestes de púrpura que os reis de Midiã trajavam, afora as correntes que os camelos traziam ao pescoço.

27. DISSO FEZ GIDEÃO UM ÉFODE, E O PÔS NA SUA CIDADE, EM OFRA; E TODO O ISRAEL SE PROSTITUIU ALI APÓS ELE; E FOI UM LAÇO PARA GIDEÃO E PARA SUA CASA.

Devido o pedido inóspito de Gideão, consta na Bíblia, que cada soldado israelita deu a Gideão o despojo arrecadado do inimigo vencido, e com isso Gideão equivocadamente fez um ÉFODE, que é uma veste tipo avental, usada somente por sumo sacerdote, por cima da túnica, confeccionado em ouro e, colocou o utensílio sagrado em sua terra, em Ofra, ocorre que tal indumentária somente poderia ser usada e explorada pela tribo de Levi, conforme denota ÊXODO 39: 1-2.

Como Ofra era um local antigo de oração e prática idolatra, o éfode foi incapaz de restabelecer o pacto com o Senhor Deus, sendo ele apenas um objeto, com o agravante de que Gideão não poderia usar, por não ser ele um Sumo Sacerdote, assim, era o éfode um mero instrumento exposto, sem qualquer vinculação religiosa, desse modo, Gideão acabou facilitando para que o povo israelita retornasse a cultuar à idolatria.

O texto sagrado aponta que após a morte de Gideão o povo voltou a se prostituir naquele mesmo lugar onde colocou equivocadamente o éfode e, outrora havia destruído o altar de baal. Tal ato pecaminoso foi um laço da idolatria com Gideão e sua família já contumaz. ESTÁ AQUI O MOTIVO DA MINHA GRANDE DECEPÇÃO! pois tivemos uma história maravilhosa, recheada de ensinamentos, entretanto, em curto tempo a história descambou totalmente e o homem de Deus acabou tropeçando.

Nos últimos versos sobre Gideão consta na bíblia que os midianitas nunca mais se levantaram contra Israel, tamanha surra que levaram:
JUÍZES 08: 28
28. Assim foram abatidos os midianitas diante dos filhos de Israel, E NUNCA MAIS LEVANTARAM A SUA CABEÇA; E SOSSEGOU A TERRA QUARENTA ANOS NOS DIAS DE GIDEÃO.
Para finalizar, a bíblia diz que mesmo após a campanha vitoriosa do povo israelita na guerra santa, eles acabaram renegando DEUS e novamente colocando Baal em seu lugar:
:
JUÍZES 08: 33-35

33. E sucedeu que, como Gideão faleceu, os filhos de Israel tornaram a se prostituir após os baalins; e PUSERAM A BAAL-BERITE POR DEUS.

34. E assim os filhos de Israel NÃO SE LEMBRARAM DO SENHOR SEU DEUS, que os livrara da mão de todos os seus inimigos ao redor.

35. NEM USARAM DE BENEFICÊNCIA COM A CASA DE JERUBAAL, A SABER, DE GIDEÃO, conforme a todo o bem que ele havia feito a Israel.

O final do capítulo é dizendo que o povo novamente voltou a pecar contra DEUS e ainda esqueceram tudo o que Gideão fez por eles.

Diante do exposto, independentemente de qualquer tropeço de Gideão, a história dele é magnifica e edificante, vejamos as diversas conclusões que podemos extrair:

1 – Muitas vezes sentimos desconfiança quanto a nossa capacidade de realizar grandes planos, todavia, quando DEUS está do nosso lado, TUDO É POSSÍVEL, e se ele consentir, a vitória é certa;

2 – Que DEUS nos conhece muito mais que nós mesmos, conhece nossa força, valor, coragem, e aposta a cada amanhecer na nossa evolução e revolução espiritual, pessoal, mental e comportamental, sempre querendo o melhor de nós a cada dia;

3 – Muitas vezes antes de partir para grandes desafios, devemos primeiramente resolver pendências pessoais, pois elas muitas vezes impõem grandes obstáculos;

4 – Quando estivermos em grandes tribulações, e antagonicamente, quando estivermos auferindo toda gloria, prazer e paz, devemos caminhar com DEUS, pois ele é o Senhor da tempestade e da bonança;

5 – Inúmeras vezes DEUS nos dá sinais quanto a nossa fraqueza, humanidade, perigo que nos espreitam e ótimas oportunidade que há por vir, basta termos atenção, sensibilidade e fé para percebermos;

6 – Para realizarmos grandes missões, podemos nos deparar com barreiras impostas por pessoas da nossa própria casa, familiares, amigos, pessoas próximas e, não apenas de pessoas desconhecidas. Ensina também que em determinadas ocasiões, mesmo tendo intimidade com os opressores, devemos partir para o enfrentamento, possibilitando o crescimento pessoal e a continuada na caminhada;

7 – Quando realizarmos grandes feitos, temos que continuar vigilantes quanto aos próximos passos, pois, num simples proceder, podemos jogar tudo fora. Portanto, devemos nos revestir de fé, e seguir os estatutos e mandamentos divinos, para que nosso caminhar seja fortalecido dia a dia;

8 – Mesmo se estivermos passando por uma situação desesperadora e humilhante, não devemos perder a fé, pois tudo é passageiro, basta acreditar em Deus;

9 – Só os preparados podem cumprir a ordenança do Senhor, o despreparado, o medroso, o tímido e o ausente de fé, são apartados das missões divinas;

10 – Seu inimigo pode até ser assombroso, entretanto, contra o homem temente e servo de DEUS ele não é nada; a espada do injusto não fere o justo sem o consentimento de DEUS;

11 – A disciplina é a alma da prosperidade, da vitória e da realização;

12 – A vida exige avaliação de cada passo a ser dado, então, devemos ser analistas, estratégicos e meticulosos em todas as esferas;

13 – Dada a missão, empenhem-se, devemos persegui-la até o seu cumprimento, mesmo que exija esforço salutar;

14 – Na passagem bíblica que aborda a desavença entre Gideão e a Tribo de Efraim, ensina que a sabedoria sempre vence a tolice, bem como, que devemos ter inteligência para lhe dar com pessoas vaidosas; o autocontrole é necessário para resolvermos qualquer situação adversa, sem falar que é se humilhando que seremos exaltados em nome e honra do Senhor;

15 – Mostra que em nossas vidas teremos que enfrentar as gozações sempre de cabeça erguida, do mesmo modo, quanto a desconfiança e a humilhação, mesmo que sejam elas proferidas por pessoas de nossa família, do nosso convívio social ou advinda de terceiro;

16 – Mesmo que estejamos passando por uma situação desesperadora, tal qual, necessitar de um pedaço de pão, deveremos perseverar, prosseguir e acreditar que a vitória chegará, e que tudo é provisório;

17 – Ensina que as pessoas maduras/idosas têm a responsabilidade ainda maior do que as das pessoas de pouca idade, porque são referências para alguém, assim, o seu ensinar, proceder, aconselhar, devem ser pautados  no zelo pela justiça, ética e moralidade, eis que um simples tropeço, tal qual uma opinião desastrosa ou um desvio comportamental, pode ocasionar prejuízos não só para si, mas, também para aqueles que o seguem, seja filho, empregado, família, amigos e etc.

18 – Ensina que devemos emitir opinião com cautela, haja vista que ´podem ter dimensões incalculáveis, inclusive, nos colocar em risco de ter violada nossa integridade física e moral;

19 – Quando estivermos imbuídos numa posição/cargo que representa a coletividade, não podemos de forma alguma dar relevância as questões particulares em desfavor do bem comum;

20 – Mostra que os pais devem ter o cuidado e a responsabilidade de prover o ensinamento de seus filhos, de prepará-los para a vida, para o mundo, para as adversidades, e sua omissão pode destruir a vida de sua prole;

21 – Em determinados momentos de nossas vidas teremos que tomar decisões difíceis que poderá mudar o nosso futuro. E a omissão na adoção de tais medidas necessárias, poderá acarretar consequências desastrosas e irremediáveis, inclusive, podendo atingir terceiros e pessoas que amamos;

22 – Se entendermos que somos instrumentos de DEUS, devemos nos portar como, não cabendo negligências, muito menos facilitação à tropeços;

23 – Se ocuparmos a função ou o cargo de líder, devemos ter a consciência da colossal responsabilidade advinda, pois, cada conduta a ser tomada deve ser minuciosamente analisada, antecipadamente projetando os possíveis impactos na vida dos comandados e seguidores, pois, muitos ou alguns deles serão influenciados por nossa conduta.

24 – O quanto a riqueza é perigosa, eis que nos seduz facilmente.

Por fim, que possamos seguir nossos passos pautados na nossa força e valentia, como se estivéssemos participando de uma missão “gideônica” traçada pelo Senhor Jeová Deus, e que ele nos permita tocar diariamente nossas trombetas para agradecer o direito de viver mais um dia, bem como, para que possamos quebrar nossos cântaros e assim estremecer nossos inimigos que nos espreitam, fazendo-os afugentar, que a luz das nossas tochas possam iluminar o nosso caminhar e, finalmente, para que possamos gritar no mais alto tom “Por Deus e por nosso Senhor Jesus Cristo, nosso salvador!” e assim ecoar para todos os cantos o seu lindíssimo nome, graça e poder.

Aprendi que pautarei minha vida na coragem de Gideão e, parafraseando EFÉSIOS 6, tomarei toda a armadura do Senhor Deus, para permanecer firme, sempre cingindo os meus lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça, calçando os meus pés com a preparação do evangelho da paz, munido, sobretudo, com o escudo da fé, o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus, então vencerei qualquer guerra a mim apresentada, seja ela em qual esfera for, EM NOME DO SENHOR JEOVÁ DEUS, AMÉM!

Camaçari/BA, 13 de Janeiro de 2018.
ASS: Cleiton Marcio Santos Souza
Advogado, escritor, poeta, teólogo em formação e adorador de Cristo Jesus Nosso Senhor!
Meu contato para sugestões, críticas e esclarecimentos: 71 98173-6176 / 71 99306-3557 [whatsapp’s]
E-mail: cleitonsouza.advogado@gmail.com


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